Nostalgia e consumo musical: a redescoberta do Jazz pela Gen Z

Especial Dia Internacional do Jazz – A nostalgia vem moldando o consumo musical contemporâneo, e a redescoberta do Jazz entre as novas gerações ilustra bem esse fenômeno. Conheça suas origens, influências culturais na atualidade e oportunidades para marcas ao se vincular com esse gênero musical sofisticado e atemporal. Confira!

Nostalgia e consumo musical: a redescoberta do Jazz pela Gen Z

 

A sensação de nostalgia tem sido uma força cultural dominante na sociedade contemporânea, influenciando desde as escolhas de estilo de vida até as preferências musicais

 

Nesse contexto, o retorno de elementos do passado, como o ressurgimento do jazz, tanto na música quanto na moda e outros aspectos do cotidiano, reflete não apenas uma simples tendência passageira, mas sim uma transformação profunda na forma como as pessoas se relacionam com o tempo e a memória

 

Pensando nisso, nossa curadoria buscou explorar como esse sentimento molda nossa experiência atual de consumo musical, destacando a redescoberta do jazz pelas novas gerações. Continue lendo para descobrir mais.

 

Nostalgia como macrotendência em 2024

 

Nos últimos anos, temos testemunhado um verdadeiro renascimento de bandas e artistas que marcaram épocas passadas, gerando uma comoção significativa entre os fãs que desejam reviver momentos felizes sob uma sensação de urgência. Esse fenômeno não se restringe apenas à música, mas também se estende a outras áreas da cultura, como moda, cinema e tecnologia.

 

A nostalgia para além de uma busca por momentos passados, envolve uma complexa interação de emoções e percepções, liberando endorfinas que podem induzir tanto alegria quanto tristeza. Estudos sobre nostalgia revelam seus efeitos psicológicos e a influência no nosso bem-estar, destacando sua capacidade de fornecer conforto e conexão emocional em tempos de incerteza.

 

A nostalgia se manifesta de diversas formas na cultura contemporânea, desde o ressurgimento de estilos de moda vintage até o revival de tecnologias e produtos do passado como as câmeras analógicas e os discos de vinil. Remakes de filmes e programas de TV, assim como o uso de estéticas retrôs em novos itens e aplicativos modernos, ilustram como a nostalgia está enraizada na nossa sociedade hoje e como muitas marcas já estão de olho nesse movimento.

 

The Color Purple - Nostalgia e consumo musical - Bananas Music 2024 Pôsteres do filme The Color Purple lançado em 1985 e que ganhou um remake em 2023 | Fonte: Black Girl Nerds

 

As origens do Jazz

 

Originário das comunidades afro-americanas de Nova Orleans, o jazz é um gênero musical que nasceu da fusão de diferentes tradições musicais, incluindo o blues, o ragtime e a música africana. 

 

Surgido no final do século XIX e início do século XX, o jazz rapidamente se espalhou pelo sul dos Estados Unidos, ganhando destaque em cidades como Nova Orleans, Chicago e Nova York.

 

Entre os principais nomes que ajudaram a moldar o jazz estão Louis Armstrong, conhecido como o “pai do jazz“, cuja habilidade incomparável no trompete e sua voz marcante o tornaram uma figura icônica no gênero. Outros pioneiros incluem Duke Ellington, um talentoso compositor e líder de banda que ajudou a popularizar o jazz orquestral, e Charlie Parker, um virtuoso do saxofone cujas inovações no bebop revolucionaram o gênero.

 

Louis Armstrong considerado o “pai” e a “personificação do jazz” | Foto: Divulgação

 

Ao longo de sua história, o jazz viu o surgimento de uma infinidade de artistas talentosos e estilos distintos, desde o swing até o free jazz. Sua capacidade de incorporar novas influências e se adaptar aos tempos modernos é parte do que o torna tão duradouro e relevante até os dias de hoje.

 

Embora o jazz tenha sua origem nos EUA, seu alcance e influência vem se expandindo globalmente. Festivais e clubes de jazz em todo o mundo são testemunhas do impacto duradouro do gênero musical.

 

Desde seu surgimento, o jazz tem sido associado à rebelião, à liberdade de expressão e à quebra de barreiras. Essa tradição de inovação e desafio continua a inspirar músicos e ouvintes hoje, à medida que o jazz evolui e se adapta aos tempos modernos. Sua capacidade de se reinventar e permanecer relevante ao longo do tempo é uma prova de seu poder duradouro como forma de expressão artística e cultural.

 

O “retorno” do Jazz como lifestyle

 

Em meio a essa onda de nostalgia, o jazz está voltando aos holofotes – inclusive no Brasil, como uma tendência significativa na cultura contemporânea. Embora muitos considerem o jazz como um gênero musical do passado, sua redescoberta pelas gerações mais jovens demonstra sua atemporalidade e relevância contínua na cena musical global.

 

Segundo dados do Pinterest Predicts 2024, o jazz é uma das principais tendências que estão emergindo na plataforma. Esse retorno do jazz não se limita apenas à música, mas também se estende  ao estilo de vida, com muitos jovens buscando incorporar o clima retrô desse ritmo em seu dia a dia.

 

 

Por exemplo, as buscas por “roupas do estilo jazz” aumentaram impressionantes 180%, enquanto as pesquisas por “piano de jazz” cresceram 105%. Esses dados evidenciam não apenas um interesse superficial, mas uma mudança genuína nas preferências culturais, refletindo-se também na moda e na estética.

 

O consumo musical do “novo” Jazz: Millenials e Geração Z em foco

 

Os millennials e a geração Z estão redescobrindo o jazz como uma fonte de autenticidade e conexão em um mundo cada vez mais digital. A popularidade do jazz entre as gerações mais jovens sugere uma ressonância com os valores e ideais atuais, impulsionando um retorno à estética e à sonoridade clássicas do jazz.

 

A Geração Z desempenha um papel fundamental nesse ressurgimento do jazz, adotando uma abordagem moderna e contemporânea desse gênero musical clássico. Artistas como Laufey,  Domi e JD Beck vêm liderando esse movimento, conquistando reconhecimento e aclamação com sua interpretação única do jazz – especialmente com o suporte de redes sociais como o Tik Tok.

 

Laufey performando no THING Festival em 2023 | Foto: Getty Images

Laufey performando no THING Festival em 2023 | Foto: Getty Images

 

Suas interpretações inovadoras e atualizadas do jazz estão atraindo um público diversificado e rejuvenescendo o gênero nessa nova era. O reconhecimento desses artistas pela indústria musical, incluindo indicações ao Grammy, destaca sua influência e impacto no cenário musical atual.

 

Um grande exemplo é a premiada artista de jazz Samara Joy. Vencedora de dois prêmios Grammy em 2022 (“Melhor Artista Revelação” e “Melhor Álbum Vocal de Jazz”), ela voltou a ser indicada em 2024 na categoria “Melhor Performance de Jazz” por sua música “Tight“.

 

Sua vitória como “Melhor Artista Revelação” foi notável, já que essa categoria geralmente destaca artistas influentes para a Geração Z, como Olivia Rodrigo (2021), Megan Thee Stallion (2020) e Billie Eilish (2019).

 

Samara Joy durante o Grammy 2023 | Foto: Divulgação

Samara Joy durante o Grammy 2023 | Foto: Divulgação

 

Oportunidades que a redescoberta do Jazz traz para marcas

 

Com o crescente interesse por essa tendência em diversos setores, as marcas têm a oportunidade de criar campanhas publicitárias autênticas e relevantes, aproveitando a capacidade do jazz de evocar uma variedade de emoções e atmosferas para criar conexões emocionais profundas com seu público-alvo.

 

Vinculando-se a um estilo de música sofisticado e atemporal, as empresas têm a oportunidade de expressar a identidade da marca de forma única, diferenciando-se da concorrência e construindo uma narrativa envolvente em torno de seu posicionamento. 

 

Com isso, é possível promover diversos tipos de experiências únicas e memoráveis com o vasto potencial criativo do Jazz – como eventos ao vivo, ativações de marca e colaborações com artistas do gênero. Essas parcerias e ações podem fortalecer ainda mais a conexão entre a marca e seu público, gerando resultados positivos em termos de engajamento e lealdade dos consumidores.

 

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