A música brega é uma das representações mais autênticas e vibrantes da cultura brasileira. Mais do que um gênero musical, o brega reflete a diversidade, a criatividade e a paixão do povo brasileiro.
Neste post, exploraremos a origem, evolução e o impacto do brega e subgêneros, desde suas raízes até sua presença nas plataformas digitais e palcos internacionais.
A essência do brega paraense
No Pará, assim como em diversos outros estados brasileiros, a música e a dança são elementos essenciais da identidade cultural. Nas noites paraenses, um ritmo que se destaca há bastante tempo é o brega.
A partir de suas diferentes vertentes o gênero animou as casas de shows e alcançou popularidade em diversos estados do Brasil através de nomes como Reginaldo Rossi, Amado Batista, Odair José e diversos outros.
O brega paraense é fruto de uma rica fusão cultural, moldado por influências caribenhas como cúmbia, merengue, salsa e zouk e também da música calypso, vinda de Trinidad e Tobago.
Integrantes do Potentes do Braga ocupam as pistas de bailes e eventos fechados. Foto: divulgação/Potentes do Brega
O ritmo se tornou trilha sonora da memória afetiva dos brasileiros. Com letras sobre amor, paixão, desilusão e solidão, muitos bregas marcaram gerações, embalando casais em momentos românticos ou servindo de companhia para corações solitários.
Com o passar dos anos, nomes como Wanderley Andrade, Banda Sayonara e Banda Calypso, de Joelma e Ximbinha, deram novos ares ao brega. Ao incorporar elementos de outros gêneros, contribuíram para a conquista de novos públicos e fortalecimento da cena musical local. A mistura de ritmos e a inovação constante permitiram que o brega permanecesse relevante e atrativo ao longo das décadas.
O fato é que o brega nunca saiu de moda. Mais do que isso: ele é o momento!
A revolução do tecnobrega
A virada do milênio marcou a ascensão do tecnobrega, uma vertente eletrônica do brega que ganhou destaque nacional e internacional. Este subgênero combina a base eletrônica com a sonoridade do brega, a levada do calypso, carimbó e ritmos afro-brasileiros, criando uma identidade musical única.
No início dos anos 2000, o tecnobrega começou a se consolidar com nomes como Fruto Sensual, Beto Metralha, Tonny Brasil e a banda Tecno Show de Gaby Amarantos se destacando nesse momento.
As festas de aparelhagem se mostram também uma importante plataforma de divulgação e um verdadeiro símbolo para ritmos como o tecnobrega. Hoje esses bailes contam com estruturas ainda mais tecnológicas, com painéis de LED, efeitos pirotécnicos, raios de luz que saem dos instrumentos e amplificadores de alta capacidade.
Com isso, essas aparelhagem se tornaram símbolos não apenas do tecnobrega, mas de status e inovação nas comunidades onde se originaram, representando verdadeiros espetáculos que atraem milhares de pessoas até hoje.
Gaby Amarantos e o título de rainha do Tecnobrega
Artistas como a paraense Gaby Amarantos são frequentemente mencionados por levar o ritmo para palcos internacionais e ampliar a visibilidade do estilo musical. Já considerada por muitos a “Rainha do Tecnobrega”, após o clipe da faixa “Xirley” encantar o público com sua estética, foi com a canção “Ex Mai Love” que seu trabalho furou a bolha nacional.
A faixa foi escolhida como música da abertura da novela ‘Cheias de Charme‘ exibida pela Rede Globo, e venceu o Prêmio Multishow na categoria “Melhor Hit”. Segundo a própria cantora, o trabalho foi uma homenagem ao “brega de antigamente”, influenciado por nomes como Waldick Soriano e Reginaldo Rossi, mas com seu toque eletrônico.
Reconhecimento da indústria musical ao tecnobrega
Em 2012, a cantora foi indicada ao Grammy Latino nas categorias “Artista Revelação” e “Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa” pelo disco “Treme”. Apesar dessas indicações não terem rendido vitórias, a artista pavimentou um importante capítulo de destaque nacional, com o primeiro Grammy do gênero vindo para as mãos de Gaby Amarantos agora em 2023, com o álbum “Technoshow”.
Seu trabalho ajudou a pavimentar o caminho para muitos outros artistas do tecnobrega. Atualmente, o ritmo nascido nas periferias de Belém vive um momento de efervescência no ambiente digital, evidenciado pela recente viralização da música “Voando Pro Pará“, lançada em 2015 pela cantora Joelma – já em sua atual carreira solo.
Com o vocal marcante da ex-vocalista da Banda Calypso, o comeback do hit foi fundamental para introduzir o seu estilo musical como um todo para um público mais jovem, que não viu toda a glória do trabalho de Joelma no início dos anos 2000. O refrão que celebra a identidade local, levou o termo “tacacá” – prato típico da região, a ser a comida mais pesquisada no Google Brasil em 2023.
Outras vertentes: O surgimento do Brega Funk
Além do tecnobrega, o brega também deu origem a outras vertentes de grande reconhecimento, como o brega funk. Este subgênero surgiu em Pernambuco e combina o ritmo envolvente do brega com a batida eletrônica e dançante do funk carioca.
O brega funk se caracteriza por suas letras irreverentes, coreografias contagiantes e uma produção musical vibrante. No subgênero, a sofrência do brega deu lugar às letras mais ousadas do funk e criou um ritmo animado e dançante, com passos que misturam funk, axé e até frevo.
Nomes como MC Troia, Sheldon e MC Tocha foram alguns dos artistas que ajudaram a popularizar o brega funk por volta de 2011. Suas músicas frequentemente abordam temas do cotidiano, festas e relacionamentos, sempre com um tom divertido.
O estilo musical ganhou destaque nacional com artistas como MC Loma e as Gêmeas Lacração, que viralizaram com a música “Envolvimento“, lançada em 2018. Desde então, o gênero tem se consolidado, impulsionado também por artistas de outros gêneros, como Pabllo Vittar, Psirico e Anitta, que incorporaram elementos do brega funk em suas músicas, ampliando ainda mais a popularidade do estilo e atraindo uma audiência jovem e diversificada.
Há dois anos o brega funk alcançou um importante status no estado de Alagoas. O ritmo ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial, a partir da lei nº 8.757, de 24 de novembro de 2022.
O Brega no cenário atual
O brega continua a evoluir e a conquistar novos espaços no cenário musical nacional, contando sempre com a diversidade e transformações estéticas sofridas ao longo dos anos. Aliás, em 2021 o ritmo brega foi reconhecido como patrimônio cultural no estado do Pará e o “Movimento Brega” do Recife.
Influência de artistas contemporâneos para o gênero
Projetos como “Batidão Tropical” da cantora Pabllo Vittar também participam desse movimento recente em torno do ritmo. Os álbuns evocam as raízes musicais de Pabllo, com clássicos do forró e tecnobrega que marcaram sua infância entre o Pará e o Maranhão – e trazem destaque para artistas do norte e nordeste.
Pabllo Vittar em homenagem a cantora Joelma durante show do Batidão Tropical. Foto: Patricia Devoraes/BrazilNres e Reprodução/Quem
No Batidão Tropical Volume 1 (2021) a cantora apresentou regravações de nomes como Companhia do Calypso, Banda Ravelly e Banda Batidão, abrindo caminho para a sequência. Batidão Tropical Volume 2 – lançado em 2024, que inicia com uma versão de “Pra Te Esquecer” (2003) da Banda Calypso, além de uma parceria com Gaby Amarantos revisitando a faixa “Não Vou Te Deixar”, da sua antiga banda, Tecnoshow.
Conclusão
Esses são apenas alguns dos exemplos recentes que evidenciam e vêm contribuindo para a ampliação do consumo do brega e tecnobrega no país – especialmente, com o suporte de redes sociais com uma natureza sound on, como o Tik Tok.
Além disso, a popularização do gênero nas plataformas de streaming, presença em festivais e emissoras de TV além de aumentar o efeito de representatividade, também promovem um intercâmbio cultural, conectando o público brasileiro com influências diversas.
CD da antiga banda Tecnoshow liderada pela cantora Gaby Amarantos. Fonte: Divulgação/Estadão
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