As colaborações entre marcas e artistas nunca estiveram tão em alta – e 2025 já se desenha como um ano repleto de parcerias que vão além das campanhas tradicionais.
O que antes era uma associação pontual de imagem, hoje se consolida como uma estratégia essencial para marcas que desejam se conectar de verdade com seus públicos, especialmente a Geração Z.
Artistas têm assumido um papel ativo nessas ações, participando das campanhas como cocriadores e agregando suas identidades, vozes e comunidades aos projetos.
Essa aproximação gera colaborações que ampliam a visibilidade das marcas e, ao mesmo tempo, criam conexões culturais e emocionais com os consumidores.
Cada vez mais, as marcas apostam em vozes plurais e representativas, conectando-se a artistas de diferentes gêneros e nacionalidades. Esse caminho reflete o comportamento da Geração Z, que tem ampliado seu repertório cultural por meio da música.
Segundo o “Spotify Culture Next 2024” – 78% dos jovens dessa geração acreditam que culturas de nicho estão se tornando o novo mainstream, e 86% dos GenZ brasileiros afirmam ter consumido músicas ou podcasts de outros países como forma de explorar novas culturas.
As campanhas que já se destacam em 2025 acompanham esse movimento: do K-pop à música latina, do rap nacional à fusão entre gêneros, as marcas têm usado a música como um importante ponto de conexão com o público.
A seguir, reunimos as colaborações que já estão dando o que falar neste ano – e que devem inspirar marcas interessadas em utilizar a música como ferramenta estratégica. Confira!
Colaborações nacionais e internacionais de destaque em 2025 entre marcas e artistas
SKIMS x ROSÉ: O poder do K-pop na moda e nas marcas globais
A união entre a SKIMS, marca da empresária Kim Kardashian, e ROSÉ, integrante do grupo sul-coreano Blackpink, já desponta como uma das colaborações de maior repercussão em 2025.
A campanha, lançada para celebrar o Valentine’s Day, trouxe a artista como protagonista de uma coleção especial de lingerie e peças íntimas em tons suaves e românticos, alinhada ao posicionamento sensual e sofisticado da marca.
Por que essa parceria chamou atenção?
A escolha de ROSÉ não foi por acaso. O K-pop se consolidou como um fenômeno cultural global, e o Blackpink está entre os grupos mais influentes do gênero.
A participação da cantora conecta a SKIMS diretamente com a audiência jovem e internacional, reforçando o apelo da marca na Ásia e em outros mercados estratégicos.
Além disso, a campanha não se limita à estética visual. O engajamento massivo dos fãs do Blackpink, conhecidos como BLINKs, impulsiona as vendas e fortalece a presença da marca nas redes sociais.
O resultado foi imediato: a coleção esgotou rapidamente em diversos tamanhos e modelos, e os conteúdos da campanha alcançaram milhões de interações em plataformas como Instagram e TikTok.
O que essa colaboração revela?
Esse movimento exemplifica como marcas de moda têm explorado a música pop asiática para expandir seus públicos. ROSÉ, Lisa, Jennie e Jisoo, as integrantes do Blackpink, já firmaram contratos com grifes como Yves Saint Laurent, Celine, Chanel e Dior.
A presença delas nas campanhas não apenas amplia o alcance das marcas, mas também reforça a percepção de modernidade e conexão cultural.
Para marcas interessadas no mercado brasileiro, a parceria aponta para um caminho relevante: associar-se a artistas que dialogam com as preferências do público jovem e que transitam entre culturas, valorizando a fusão entre moda, música e comportamento digital.
Aprendizados para marcas:
– Apostar em nomes que mobilizem comunidades digitais pode garantir maior alcance, como é o caso dos fãs de K-pop.
– Valorizar artistas que atravessam fronteiras culturais, expandindo a presença da marca em mercados globais.
– Usar a música e a imagem dos artistas como elementos centrais na narrativa de campanhas – e não apenas como plano de fundo.
Duquesa x Salon Line: Música e representatividade como força de marca
A Salon Line, referência no mercado brasileiro de cuidados capilares, escolheu a rapper Duquesa como embaixadora, em uma parceria iniciada em 2024, quando a marca patrocinou a transmissão do BET Awards no Brasil e a artista foi uma das indicadas à premiação.
A colaboração se destaca pela sintonia entre a identidade da artista e os valores da marca, reforçando diversidade e autenticidade.
Por que essa parceria chamou atenção?
Duquesa tem ganhado espaço no rap nacional com letras que exaltam o empoderamento e narram vivências da mulher preta periférica. Sua estética e discurso encontram eco no público da Salon Line, conhecida por apoiar a pluralidade dos cabelos e das belezas brasileiras.
A campanha “Deusas do Verão”, que marcou a estreia da artista como embaixadora, foi além da divulgação de produtos ao lado de outras influenciadoras.
A marca se apoiou na música e na força cultural de Duquesa para evidenciar orgulho pela identidade capilar e reforçar sua proximidade com as consumidoras.
Os conteúdos protagonizados pela rapper ganharam força principalmente nas redes sociais, engajando mulheres que se sentiram representadas pela campanha.
O que essa colaboração revela?
A parceria mostra como marcas brasileiras têm buscado afinidade genuína com suas consumidoras jovens, apostando em artistas que vivem as mesmas realidades do público e dialogam com pautas relevantes.
Ao trazer a artista Duquesa para o centro da campanha, a Salon Line estimulou conversas sobre representatividade e beleza real.
Aprendizados para marcas:
– Escolher artistas que compartilham histórias e valores semelhantes aos do público da marca.
– Integrar música e lifestyle urbano como ferramentas de fortalecimento da identidade e dos discursos de diversidade.
– Valorizar vozes regionais e periféricas como potências de conexão e influência.
Lady Gaga x Mastercard: Música, experiências e o poder do fandom
A Mastercard firmou uma colaboração de peso ao lado de Lady Gaga. A parceria envolveu o lançamento do videoclipe da faixa “Abracadabra” e uma campanha global que ofereceu aos fãs experiências exclusivas, reforçando a conexão entre música, tecnologia e o universo do entretenimento.
Por que essa parceria chamou atenção?
Lady Gaga é uma das artistas mais influentes da música pop mundial, e seu relacionamento com o público vai além das plataformas musicais. Seus fãs, conhecidos como “Little Monsters”, formam uma comunidade ativa e engajada, que acompanha a artista em cada novo projeto.
A Mastercard soube aproveitar essa relação, integrando o lançamento do clipe com ações que aproximaram os fãs da artista.
Entre os destaques, a marca convidou admiradores da cantora para participarem do videoclipe e ofereceu experiências “priceless” – conceito já consolidado em suas campanhas – como bastidores exclusivos e encontros com Gaga.
A fusão entre clipe, música e vivências personalizadas criou uma narrativa completa que despertou desejo e gerou grande repercussão nas redes sociais.
Essa abordagem acompanha um comportamento observado entre fãs de entretenimento. De acordo com o estudo “Power of Fandom” (Variety e Amazon Ads, 2024), 36% dos fãs afirmam que permanecem conectados a uma franquia ou artista porque gostam de conversar sobre o tema e se sentem parte de uma comunidade.
Esse sentimento coletivo tem impulsionado campanhas que envolvem o público de maneira ativa, como fez a Mastercard.
O que essa colaboração revela?
A campanha exemplifica como as marcas podem transformar o território da música em plataformas de experiência, envolvendo os fãs de maneira ativa e criando vínculos emocionais duradouros.
A parceria entre Mastercard e Lady Gaga se destaca justamente por integrar o lançamento musical a momentos que valorizam a relação entre artista e público.
Aprendizados para marcas:
– Explorar o potencial do fandom e transformar admiradores em promotores orgânicos da campanha.
– Desenvolver experiências que gerem valor para o público, ampliando o impacto das ações musicais.
– Pensar a música como parte da vivência de marca, integrando público e artista de forma participativa.
Heinz x Mustard: O grito que virou molho
Em 2025, a Heinz oficializou uma colaboração com o produtor Mustard, em uma ação que uniu música, cultura e bom humor.
A parceria, que resultou em um novo molho de mostarda, não pegou ninguém de surpresa – pelo contrário, era um desejo coletivo que ganhou força nas redes desde 2024, quando Kendrick Lamar eternizou o grito “MUSTAAAAARD” na faixa “Not Like Us”.
Por que essa parceria chamou atenção?
O “grito” de Kendrick se tornou mais do que um detalhe na música. Ele viralizou, virou bordão e se espalhou em memes e vídeos no TikTok. Não demorou para que o público começasse a pedir por uma collab real entre Mustard e Heinz, criando montagens, brincadeiras e até sugerindo rótulos para o produto.
A Heinz demorou um pouco para agir, e a expectativa só cresceu. Quando o lançamento foi finalmente anunciado, houve comemoração, mas também piadas sobre o tempo que a marca levou para transformar o desejo coletivo em realidade.
A campanha soube rir de si mesma, incorporando o histórico da espera e celebrando o poder que o público tem sobre as marcas na era das redes sociais.
O que essa colaboração revela?
A ação deixa claro que, hoje, o público não é mais espectador: hoje ele é coautor da comunicação das marcas. O “grito do Mustard” foi apropriado pelos fãs antes mesmo da Heinz se movimentar, e a marca só se destacou porque soube entrar na conversa criada pelo público.
Aprendizados para marcas:
– Acompanhar memes e momentos culturais em tempo real, entendendo quando o público está construindo uma narrativa espontânea sobre a marca ou seus produtos.
– Valorizar a cultura das redes sociais como gatilho criativo, integrando música, humor e referências pop.
– Agilidade é essencial: quando um assunto viraliza, o tempo de resposta da marca pode definir se ela será percebida como conectada ou atrasada.
Bad Bunny x Adidas: A fusão entre streetwear e cultura latina segue forte
A parceria entre Bad Bunny e Adidas se consolidou como uma das mais relevantes da interseção entre música e moda nos últimos anos.
Em 2025, o artista e a marca seguiram expandindo essa colaboração com o lançamento do modelo Adidas Ballerina, inspirado no taekwondo e em referências da infância do cantor em Porto Rico.
Por que essa parceria chamou atenção?
Bad Bunny se tornou um ícone global, mas sempre manteve suas raízes latinas como parte central da sua narrativa. Essa conexão autêntica tem sido o diferencial da parceria com a Adidas desde o início, em 2021.
Cada lançamento carrega elementos pessoais da trajetória do artista, o que faz com que os produtos transcendam o status de sneakers e se tornem peças culturais.
O modelo Ballerina reforça esse caminho. Inspirado nas sapatilhas utilizadas no taekwondo, o tênis reflete tanto a estética esportiva quanto o universo urbano porto-riquenho.
O storytelling por trás do produto fortaleceu a identificação dos fãs, enquanto a estética minimalista e o apelo funcional ampliaram o desejo entre consumidores do streetwear.
O que essa colaboração revela?
A união entre Bad Bunny e Adidas exemplifica como as marcas podem ir além do licenciamento da imagem do artista, apostando em co-construção.
Produtos que traduzem a história e a identidade do artista criam valor cultural e geram desejo que ultrapassa o público tradicional de moda esportiva.
Aprendizados para marcas:
– Desenvolver produtos que contem histórias e traduzam a trajetória dos artistas parceiros, agregando valor cultural à oferta.
– Trabalhar parcerias de longo prazo, construindo identidade e fidelidade junto ao público.
– Posicionar a música como elemento de identidade, valorizando referências regionais e a fusão entre esportes, moda e cultura urbana.
Willy Chavarria x Kendrick Lamar: Moda esportiva, identidade e Super Bowl
Em 2025, a parceria entre o designer Willy Chavarria e o rapper Kendrick Lamar, em colaboração com sua agência criativa pgLang, gerou uma coleção cápsula inspirada na cultura do futebol americano e nas raízes da Costa Oeste dos Estados Unidos.
O lançamento aconteceu durante o Super Bowl LIX, consolidando a união entre música, moda e identidade cultural.
Por que essa parceria chamou atenção?
A coleção trouxe peças que mesclam o estilo esportivo com a estética oversized característica de Chavarria, além de referências diretas ao álbum “GNX” de Kendrick Lamar.
A jaqueta universitária, um dos itens mais cobiçados, estampava uma citação da faixa “tv off” – gesto que reforçou a fusão entre música e vestuário.
Outro ponto que gerou burburinho foi o caráter limitado da coleção: a jaqueta teve apenas 100 unidades produzidas e se esgotou rapidamente, gerando ainda mais desejo e reforçando o conceito de exclusividade que permeia as colaborações envolvendo Kendrick.
O que essa colaboração revela?
A parceria exemplifica como moda, esporte e música seguem cada vez mais interligados. Artistas como Kendrick Lamar atuam não só como músicos, mas como criadores culturais completos, utilizando o vestuário como extensão de suas narrativas.
Além disso, o timing da campanha, atrelado ao Super Bowl – evento esportivo de maior audiência nos EUA –, potencializou o alcance e consolidou a coleção como objeto de desejo.
Aprendizados para marcas:
– Vincular lançamentos a eventos culturais e esportivos de grande visibilidade para ampliar o impacto da campanha.
– Apostar em edições limitadas e peças exclusivas para gerar desejo e posicionar produtos como itens de colecionador.
– Integrar música, moda e esporte em parcerias que contemplem diferentes dimensões da identidade do público.
Ivete Sangalo e Ana Castela x Avon: Nostalgia e renovação para celebrar o verão
A Avon apostou em duas forças femininas da música brasileira para sua campanha de verão 2025: Ivete Sangalo e Ana Castela. A união das artistas embalou o relançamento da clássica música “Festa”, sucesso de Ivete, em uma nova versão que trouxe a sonoridade contemporânea.
Por que essa parceria chamou atenção?
A campanha conquistou o público por combinar duas referências de diferentes gerações e estilos musicais. Ivete Sangalo, ícone do axé e das festas de Carnaval, dialoga diretamente com a memória afetiva de grande parte dos brasileiros.
Já Ana Castela é um dos nomes mais populares da nova cena sertaneja, especialmente entre o público jovem e rural.
A regravação de “Festa” foi o grande acerto da ação. A faixa, que se tornou um hino do verão brasileiro nos anos 2000, ganhou roupagem atualizada, misturando axé com toques do sertanejo universitário.
O lançamento aconteceu em sinergia com o início do verão e do Carnaval, reforçando o posicionamento da Avon como marca presente nos momentos de celebração e diversidade.
O que essa colaboração revela?
A ação ilustra como as marcas podem resgatar sucessos do passado para dialogar com diferentes gerações, ao mesmo tempo em que renovam sua identidade.
A fusão entre nostalgia e jovens artistas como Ana Castela reforça a tendência de conectar o público a emoções e vivências afetivas, sem deixar de olhar para o presente.
Aprendizados para marcas:
– Resgatar músicas e ícones populares em versões atualizadas como estratégia para alcançar públicos de diferentes idades.
– Promover encontros entre artistas consolidados e nomes em ascensão, criando narrativas que misturam tradição e novidade.
– Vincular lançamentos a períodos sazonais e festas populares, ampliando a identificação e o alcance da campanha.
Conclusão: Colaborações que traduzem o presente e moldam o futuro
As colaborações entre marcas e artistas em 2025 evidenciam como a música se consolidou como ferramenta central na construção de identidade e conexão com o público.
As campanhas deste ano mostram que a escolha de um nome famoso já não é suficiente. O público espera parcerias que contem histórias, reflitam diversidade e criem experiências relevantes.
Esse cenário se conecta diretamente a alguns dos movimentos do mercado apontados no Bananas Music Trends 2025, reforçando especialmente a demanda por campanhas que vão além da tela e criem vivências e conexões genuínas.
As marcas que souberem traduzir esses movimentos culturais em ações através da música, poderão sair na frente e construir vínculos emocionais duradouros com seus consumidores.
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