[Ed. 2020] O que os jovens estão consumindo de música nos dias de hoje

[Edição 2020] Com o objetivo de propor novas playlists pro Gang App, nossa head de curadoria musical, Eme Jensen, fez uma pesquisa aprofundada sobre o que os jovens vivem hoje em dia. Sempre fazemos isso para os nossos clientes, mas pesquisamos ainda mais fundo ao repensar as plays do App. Apesar da infinidade de opções que o streaming oferece, ela percebeu que ainda é possível categorizar os gostos musicais dos jovens em um punhado. Você verá que as tribos ainda são reais, só recebem nomes mais millenials agora. Confira!

[Ed. 2020] O que os jovens estão consumindo de música nos dias de hoje

 

A primeira postagem desse texto aqui no blog foi baseada em uma pesquisa feita em Maio de 2019. Algumas coisas mudaram de lá para cá, em relação ao que os ~~ jovens ~~ escutam. No geral, os fenômenos musicais citados no texto inicial se mantém atuais, mas não são mais novidade. Por isso, sentimos a necessidade de atualizar esse texto para a realidade de 2021 – a realidade de um mundo pós apocalíptico onde os charts são dominados pela viralidade de um app de dancinhas um mundo pós TikTok. (Agora já temos, inclusive, uma atualização 2023, veja AQUI!)

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A música tem o poder de traduzir o espírito do nosso tempo. Foi assim com os hippies no final dos anos 60, com os punks nos 80, o grunge nos 90 e o pop dos anos 2000, etc.

Ela sempre teve uma força muito grande principalmente entre os jovens, que a utilizam como uma ferramenta de expressão que representa suas angústias, ideias, visões de mundo. A música ajuda o jovem a expressar a sua personalidade.

E o comportamento do jovem, por sua vez, nos dá indicativos de tendências e novas formas de perceber o mundo e a sociedade. Ou seja, melhor ficar de olho neles 😉

Foi exatamente o que fizemos junto com a Loja Gang, um dos nosso clientes aqui no Bananas. Além de criarmos a trilha sonora que toca nas lojas da marca – voltada para a moda jovem – desenvolvemos junto com eles um aplicativo de música próprio, oferecido pela Gang para os seus consumidores.

Com o objetivo de propor novas playlists pro Gang App, nossa head de curadoria musical, Eme Jensen, fez uma pesquisa aprofundada sobre o que os jovens ouvem VIVEM hoje em dia. Nós fazemos isso sempre para os nossos clientes, mas pesquisamos ainda mais fundo ao repensar as plays do App.

Apesar da infinidade de opções que o streaming oferece, ela percebeu que ainda é possível categorizar os gostos musicais dos jovens em um punhado.

Você verá que as tribos ainda são reais, só recebem nomes mais millenials agora. 

Com vocês, Emely Jensen 😉

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De onde vieram esses insights?

 

A Loja Gang é um dos clientes mais antigos que eu cuido no Bananas.

É parte do trabalho do curador musical estar atento às novidades e mudanças nos charts e na preferência musical das pessoas. Por ser uma marca voltada ao público jovem, trabalhar com a Gang faz essa atenção e observação ser multiplicada por MIL: a cada semana surge e desaparece um novo estilo musical ou um ídolo. É um trabalho intenso “tentar” se manter sempre por dentro do que está rolando.

Para minha sorte, aqui no Bananas, nossa curadoria musical acaba sendo co-criada com quem vive esse lifestyle de perto: os gerentes e os vendedores das lojas.

Quando começamos a trabalhar com curadoria musical e criação de playlists, sempre soubemos  da importância de entregar dados consolidados sobre a performance da trilha das lojas. Por isso, uma das funcionalidades mais importantes do nosso player de reprodução musical instalado nas lojas é a ferramenta de feedback para que gerentes e vendedores possam interagir com a nossa curadoria.

Os vendedores são, em sua maioria, o perfil do público que consome a marca.

Não por acaso os colaboradores das Lojas Gang acabam sendo jovens muito parecidos com os clientes da loja e consumidores do Gang App. Esses feedbacks, somados a pesquisas internas, acabaram me dando um panorama sobre o que os jovens brasileiros mais andam consumindo nos dias de hoje.

Meu objetivo com esse texto é dividir algumas das macro tendências e padrões que observei nos estilos de música mais consumidos pelos jovens e como esses padrões de comportamento podem ser relevantes para tomada de decisão em outras áreas que não necessariamente a música.

Afinal, não são só listas de músicas. São representações de lifestyles. 

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1) O conceito de romance está em cheque? 

 

Para o dia dos namorados, criei uma playlist pontual para uma campanha exclusiva para as lojas e App. Essa playlist acabou ficando no App e se transformou na playlist ”romântica” da Gang.

Porém, observei nos reports mensais que, mesmo em maior número, as músicas pop fofinhas não faziam tanto sucesso na play quanto as mais RnB safadinhas. Nas atualizações, comecei a levar mais para esse lado RnB e a playlist já migrou daquele conceito inicial.

Um dos estilos mais ouvidos pelos jovens brasileiros atualmente é RnB / Rap Acustico, gêneros que se encaixam exatamente nesse mood “pegação”. Essa playlist se joga nesses estilos e apresenta as melhores tracks pra se pegar ou pensar no moreno/morena.

2) Rap Acústico

 

Se você perguntar para uma adolescente de 14 anos o que ela mais gosta de ouvir, grande chance da resposta ser: Poesia Acústica, Cynthia Luz ou Delacruz. E,de fato, a playlist com esse estilo é uma das mais ouvidas do Gang App. Mas que diabos é Rap Acústico, afinal?

O Rap nasceu da combinação de alguns elementos, entre eles o DJ – cuja função é mixar músicas ao vivo dando continuidade na batida para que a dança não pare. Em cima disso, o mestre de cerimônias – ou simplesmente “MC” – tem como missão passar a mensagem de forma falada pro público.

Originalmente, os beats do Rap são samples dos mais variados estilos de música. Uma pegada “orgânica” como a de um violão, por exemplo. Por isso, o tal “Rap Acústico”, onde a base consiste em acordes tocados em um violão, acaba sendo algo notável e consideravelmente novo nesse gênero.

Há quem diga que a “culpa” é do Marcelo D2 e que tudo começou no disco acústico, lançado lá em 2004. Enfim, nunca saberemos.O fato é que o Brasil tem rappers e cantores muito prolíficos nesse estilo mais “unplugged”, com lançamentos diários observados de perto por fãs ávidos por novidades.

3) A força do Trap

 

O Trap é um estilo de Rap que dominou os charts globalmente e está no auge no Brasil. Atualmente é um dos gêneros mais populares entre os adolescentes, especialmente entre os meninos.

No Trap, o lifestyle é tão importante quanto o som.

Quanto mais real for a lírica do trapper, ou seja, quanto mais “verdade for versada”, mais sucesso os mesmos costumam fazer com o público. Por isso é muito comum, especialmente no subgênero “Real Trap”, temas como o tráfico e consumo de drogas, ou simplesmente sobre a realidade nas favelas.

Além do Real Trap, outra variação do Trap brasileiro ganhou força no último ano foi: o Trap “No Melody”. Enquanto a categorização de Real Trap se dá mais pela letra e lifestyle do artista, o No Melody se trata 100% sobre a melodia (ou a falta dela). No Trap No Melody, como o nome diz, não há melodia, somente batidas pulsantes. Por esse motivo, o beat costuma ser agressivo e pesado e as letras da música costumam seguir esse mesmo caminho.

Uma coincidência legal do Trap é o wordplay com “Gang”: vários rappers e trapstars chamam a sua “turma” de gang e algumas dessas “gangs” ficaram tão famosas que viraram marcas também, como a Taylor Gang do Wiz Khalifa.

4) O Emo virou Rap

 

Em 2006, o Emo estava em alta. Muita gente se identificava como emo (eu, inclusive).

Recentemente, o emo ressurgiu, só que dessa vez no Rap.

Toda cena do “Soundcloud Rap” trouxe vários artistas que hoje em dia já estão consagrados. Infelizmente, alguns deles nos deixaram muito cedo (R.I.P. Lil Peep e Juice WRLD!).

Em 2020 observamos um novo fenômeno, do Emo assumindo cada vez mais a sua cara original, no Pop Punk e no Rock. Essa transição se deu entretanto com rappers que foram para o Emo Rap e agora resolvendo assumir o Emo mais tradicional mesmo. Os principais nomes mainstream desse Emo revival são Machine Gun Kelly, YUNGBLUD e o eterno emo e punk rocker Travis Barker.

Bem, e nada é mais adolescente do que a melancolia. Criamos uma playlist com esse estilo, e assim, mostramos que a marca está ali também para esses momentos que a gente não está se sentindo tão bem. E no final tudo passa, tudo fica bem.

 

5) O “indie”mudou (a.k.a Bedroom Pop & TikTok Pop)

 

No report anterior, afirmei que o indie não é o mesmo de 2001 (aquele do The Strokes, The Hives, The etc,…).

Também disse que houve um renascimento / fortalecimento do indie através do YouTube e Spotify, e que alguns dos principais artistas desse “novo indie” tinham a mesma idade dos jovens ouvintes que estudamos nesse report – entre 15 e 20 anos.

O que mudou foi a proporção que esse novo indie tomou! Com a popularização do TikTok entre o público adolescente, essa nova cena cresceu exponencialmente.

Nem nos meus sonhos mais selvagens imaginava que algo parecido com Bedroom Pop estaria no Top 100 Global dos streamings mundiais. Por isso eu só tenho a agradecer ao TikTok!

6) Lo-Fi Hip Hop & Aesthetics

Um estilo de som quase sempre instrumental e bastante funcional, utilizado para estudar, relaxar e até para dormir. Tem muita ligação com a internet, com o Vaporwave e com o Hip Hop, tanto que ficou conhecido também como Lo-Fi Hip-Hop.

As playlists de Lo-Fi Hip-Hop são um fenômeno no YouTube, com canais transmitindo listas em vídeos ao vivo praticamente 24 horas por dia, todos os dias da semana.

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No texto anterior, de 2019, falei sobre “o fenômeno K-Pop” como última categoria desta lista. Para atualizar esse texto para a realidade de 2021, certamente não é mais necessário falar de K-Pop.

Qualquer pessoa que está minimamente inteirada de música sabe o fenômeno global que o K-Pop ainda é.

Que tal falar sobre outro mood / estilo que é fortemente ouvido pelos ~~ jovens ~~ e que muita gente que não é do meio ainda não está ligado na importância dele?

7) Gaming Mix

Não há um termo bem difundido e absoluto sobre essa categoria. Alguns chamam de gaming mix e/ou gaming music.

São músicas para deixar de fundo enquanto se joga videogame, geralmente de estilos como Trap, EDM, Dubstep, Lo-Fi e/ou Nightcore (um “Nightcore Edit” é um cover com o pitch e o tempo acelerado em cerca de 10-30%. O Nightcore também é comumente associado a anime, por isso tem uma conexão bem forte com videogames.).

A sonoridade costuma ser épica, maximalista enquanto Trap, EDM e Dubstep, divertida e despretensiosa na versão Nightcore e mais minimalista e chill enquanto Lo-Fi.

São músicas instrumentais para embalar o momento, para transportar o jogador ainda mais para outro lugar e para preencher um possível vazio sonoro.

Esses mixes estão em vários lugares, como por exemplo no Spotify em forma de playlists e no YouTube em forma de mix/set. São principalmente escutados via YouTube.

Por serem NCS (No Copyright Sounds), streamers de jogos utilizam esse tipo de trilha para o fundo de suas streams. Isso foi o que popularizou esse tipo de música, especialmente nessa quarentena, pois o número de streamers e visualizações de streams explodiu – e consequentemente o número de plays desses mixes e playlists.

Acreditamos que em 2021 esse estilo de mix vai seguir bombando. Nenhum streamer quer ter seu conteúdo ou canal banido por utilizarem músicas de grandes artistas e as gravadoras estão cada vez mais de olho nas livestreams. Os novos acordos entre gravadoras, distribuidoras e plataformas de live streaming em áudio e vídeo parecem estar cada vez mais perto de serem fechados, mas ao mesmo tempo muito longe para quem tem pressa para “streamar”.

Enquanto isso, para os streamers e seu público, a trilha NCS é o que a casa oferece.

 

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E aí? Se sentiu velho? Não se preocupa que não é só você: tá realmente difícil acompanhar todos os movimentos na música consumida pelos jovens hoje em dia. Por isso mesmo resolvemos compartilhar esse report 🙂

Espero que ele tenha te ajudado a perceber quais sãos os movimentos culturais e musicais mais relevantes, as mudanças mais importantes e o que continua igualzinho à época em que você era adolescente. #saudades

Nos avisa aí nos comentários se curtiu e se gostaria que a gente fizesse o mesmo com o report de outros clientes. Adoramos estudar esse assunto então pra gente será um prazer.

Até a próxima. Tchau!

.txt por Emely Jensen – head de curadoria musical do Bananas Music

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