10 Aprendizados na Música Durante a Quarentena

Reunimos aqui alguns dos principais aprendizados e novidades que aconteceram na área da música e cultural durante a quarentena no Brasil e no mundo. Todas foram muito positivas, começando pelo sucesso das lives em todo o mundo.
Queremos continuar a ver outras ações e idéias como essas pós-pandemia. 
 

10 Aprendizados na Música Durante a Quarentena

Reunimos aqui alguns dos principais aprendizados e novidades que aconteceram na área da música e cultural durante a quarentena no Brasil e no mundo. Todas foram muito positivas, começando pelo sucesso das lives em todo o mundo. Queremos continuar a ver outras ações e idéias como essas pós-pandemia. 

 

1) A Explosão das lives 

 

Nunca teve tanta live, e não só de música! Mas pra quem não sabe, as lives não são uma novidade desse “novo” momento que estamos vivendo. Grandes festivais de música eletrônica como o Tomorrowland, Ultra e EDC (Electric Daisy Carnival) + o Coachella, já eram transmitidos nesse formato livestream há muitos anos pelo Youtube, além de grandes festivais no Brasil como o Rock in Rio e Lollapalooza pela TV. Sem contar na maior live do planeta até agora, o Live AID, lá em 1985.

 

Com a impossibilidade de fazerem apresentação ao vivo por conta da pandemia, a solução encontrada foi realizar as lives direto de suas casas em diversas plataformas como Youtube, Instagram, Facebook e Twitch, tanto para entreter as pessoas na quarentena, como para arrecadar doações e ajudar o mundo contra a pandemia.

 

Os DJs brasileiros foram os pioneiros a fazer lives, pois inicialmente acreditava-se que a quarentena duraria apenas 15 dias. Em seguida, os DJs gringos começaram a fazer também e na sequência grandes artistas brasileiros de todos os gêneros musicais. Assistimos lives desde as mais simples como Valesca Popozuda em seu quarto (a mais divertida!), Gusttavo Lima em uma mansão cinematográfica e até Charlie Puth em seu quarto com a cama desfeita (gente como a gente, né!). Todo o mercado, do sertanejo ao eletrônico, do pop à MPB começou a se movimentar e a levar os shows pra dentro da casa das pessoas. 

 

Calvin Harris lançou seu novo projeto Love Regenerator no meio da quarentena tocando hits de techno dos anos 90. David Guetta fez 2 lives com um visual incrível em Miami e em Nova York. Os DJs Pedro Sampaio, Vintage Culture, Dubdogz e Meca fizeram lives todos os dias de muitas horas seguidas. O DJ Zuffo fez uma live tocando 24h. Teve o Dennis DJ, que fez uma live inesquecível tocando os clássicos do funk. E o duo Cat Dealers, que fez uma live na Arca, espaço incrível em São Paulo.

 

Os artistas nacionais também entraram na onda das lives, com shows de Lulu Santos a Alcione, de Skank a Thiaguinho, de Marília Mendonça e Ivete a Raça Negra (em uma das lives mais esperadas).

 

Você pode conferir um calendário completo de lives no site lives.mus.br.

 

Aqui no Bananas Music e no Mapa dos Festivais tivemos verdadeiras aulas sobre alguns temas relacionados ao entretenimento, empresariamento de artistas, processos criativos dos artistas, direitos autorais, festivais e carreiras. A maioria delas está em nosso IGTV.

 

 


Live da cantora Alcione, que arrecadou fundos para o combate à pandemia

 

2) Festival de Lives

 

O formato foi além de show solo e se estendeu para os festivais de música, que pela maior facilidade de produção, realizaram edições incríveis. 

 

As marcas entraram nessa e também promoveram festivais, como a Vans Brasil com o seu Vans Living Room, festival que teve a participação de diversos artistas independentes da música brasileira, além de grandes nomes como Fresno, CPM 22, BRVNKS e Boogarins.

 

 

Outros destaques foram: Tropical Devassa Ao Vivo, que reuniu os 8 principais festivais do Brasil, realizando o festival dos festivais em 4 dias de programação; o Festival Fica em Casa BR, uma das primeiras iniciativas aqui no Brasil, que teve 3 edições; Festival do Orgulho, onde artistas arrecadaram fundos para ONGs que trabalham com diversidade sexual; Heineken Home Sessions junto com o Festival Queremos; Festival da Magia Negra e DoSol Sessions, entre outros. 

 

Na Europa, a Defected Records – um dos principais selos de música eletrônica do mundo, lançou o Defected Virtual Festival e o Glitterbox Virtual Festival, com DJs de house music que também jamais teríamos a oportunidade de ver tocar. Passada a primeira temporada, o selo fechou uma parceria exclusiva com o Twitch com diversas salas de transmissão do segundo formato do festival.

 

E Lady Gaga se movimentou e foi a responsável pela realização e curadoria artística do One World: Together At Home, que arrecadou US$ 128 milhões e apresentou os principais artistas internacionais do mundo, alguns que jamais teríamos a oportunidade de ver, tocando diretamente de suas casas.

 

3) Travis Scott no Fortnite  

 

 

Com mais de 40 milhões de views, a live do rapper Travis Scott aconteceu dentro do game Fortnite, com direito a um avatar do artista calçando um tênis que ele mesmo assina, em uma parceria com a Nike. Depois do grande sucesso, aconteceram outras lives com a participação de Diplo, Dillon Francis, deadmau5 e Steve Aoki dentro da plataforma e transmitido ao vivo para todo o mundo.

 

A plataforma Twitch, por exemplo, tem atuado como plataforma de música também nesse momento, com lives acontecendo por lá de artistas como Calvin Harris, Pitty, Fresno, Criolo e o #Banalive!, do Festival Bananada.

 

4) Anitta e as lives sobre política e direitos autorais

 

Graças a Anitta, foi derrubada uma emenda que tinha o objetivo de alterar a forma como a cobrança de direitos autorais é feita no Brasil, o que impactaria diretamente no recebimento de toda uma cadeia de profissionais do mercado da música.

 

A emenda, proposta pelo deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), foi retirada depois que Anitta o convocou para uma live em seu Instagram, expondo toda a insatisfação do mercado, principalmente por conta da pandemia e num momento em que artistas, compositores, autores e músicos estão sem receita no ao vivo.

 

 

Anitta começou a fazer outras lives semanais também explicando o beabá da política juntamente com a comentarista Gabriela Prioli

As lives estão disponíveis no IGTV de Anitta.

 

5) Lançamento de álbuns não esperados

 

Num momento onde as gravadoras e artistas estão segurando o lançamento dos álbuns de seus artistas, Dua Lipa e Lady Gaga acabaram lançando seus novos trabalhos. Dois álbuns incríveis, voltados para a dance music e cheio de novidades.

 

Baco Exu do Blues lançou o álbum “Não Tem Bacanal na Quarentena”, com letras que falam do momento que estamos vivendo. E com a quarentena sem prazo para terminar, acabamos vendo diversos artistas lançando logo seus novos trabalhos: Kygo, ANAVITORIA, The Strokes, Orochi, Djonga, Pearl Jam, Charli XCX, Melim, Kehlani, The 1975, Silva e Pabllo Vittar.

 

Teve também o lançamento do single “Living In A Ghost Town” dos Rolling Stones, com direito a remix do DJ brasileiro Alok.

 

6) Crescimento de aplicativos 

 

 Muitos aplicativos e plataformas que já existiam cresceram bastante durante a quarentena, como o Zoom, Google Meet, Microsoft Teams e Twitch. Impulsionados pelas lives de música, shows virtuais, palestras, reuniões e até festas particulares, tiveram um aumento considerável de usuários e também de valor de mercado.

 

Entre alguns exemplos, tem o projeto Boate aZoom, criado pelo DJ Omulu. Em Toronto, foi lançada a Club Quarantine, que recebeu até mil pessoas, sempre com uma fila (virtual) e uma espécie de área vip dentro do Zoom. Em Nova York teve o Club Quarentee, que vendia ingressos de US$ 10 a US$ 80. Um coletivo de Londres fez eventos no Zoom também chamados Queer House Parties. Em uma dessas edições, Pabllo Vittar foi convidada para ser DJ da festa. 

O Twitch cresceu muito nesse período também, por trazer grandes lives. E quem não conhecia a plataforma, passou a conhecer.

 

 

 

7) Os direitos autorais e as lives

 

Com a explosão das lives, como ficam os direitos autorais referentes à execução pública das mesmas? Nunca ninguém tinha falado sobre isso. E nunca se falou tanto sobre esse assunto.

 

Live da Nurep sobre direitos autorais


Os problemas começaram com os DJs, que tinham suas lives mutadas ou derrubadas (o famoso takedown), até randes artistas como Ivete Sangalo também sofreram com isso.

 

O que acontece é que as redes sociais não têm acordos pré-definidos ainda com o Ecad, que assim não está repassando parte desse valor para as editoras. Por se tratar de uma execução pública, o algoritmo das editoras reconhece os fonogramas e derruba automaticamente algumas lives ou o link de quando ficam salvas depois, chamado de live VOD (video on demand).

 

Explicamos esse assunto em um texto completíssimo aqui.

 

8) A aparição de Rita Lee

 

 

Não é bem uma inovação, mas esse acontecimento foi importante e tem tudo a ver com o que estamos vivendo. Rita Lee vive reclusa há 8 anos, já num isolamento social em sua casa no interior de São Paulo.

 

Em duas aparições inéditas, ela postou um video em seu Instagram com seu marido, o músico Roberto de Carvalho, cantando o hit “Saúde”, e pedindo para todos se cuidarem. Rita Lee ainda deu uma entrevista exclusiva para o Fantástico, falando do momento atual e que já vive numa quarentena. Assista aqui.

9) ByteDance, dona do TikTok, se torna a startup mais valiosa do mundo

 

A empresa chinesa ByteDance alcançou o valor de US$ 100 bilhões em valor de mercado, se tornando a startup mais valiosa do mundo. Segundo informações da Bloomberg, fontes do mercado privado estão afirmando que o valor da empresa pode ter subido mais de 33% após venda de ações recentes.

 

A ByteDance já havia conquistado a primeira posição das startups mais valiosas quando a CB Insights calculou que a empresa valia US$ 75 bilhões na época. Grande parte do sucesso da empresa vem do TikTok, maior ativo da empresa, com mais de 800 milhões de usuários ativos. Com a pandemia, o app que ganhou a preferência do público jovem, tem sido cada vez mais utilizado.

 

10) Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc

 

Aldir Blanc


Um esforço inédito que envolveu o governo e oposição, aprovou na Câmara dos Deputados em tempo recorde a Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, no dia 4 de Junho, que prevê o uso de 3 bilhões de reais no auxílio a trabalhadores de cultura atingidos pela crise gerada pela pandemia, e dará subsídio para manter espaços artísticos como microempresas, cooperativas e organizações sociais.

 

A lei agora segue para a sanção presidencial. É importante frisar que a Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc superou barreiras ideológicas e fronteiras partidárias, unindo em momento histórico de polarização uma frente em favor da cultura e mostrou que a defesa desse assunto é uma pauta cívica, um interesse maior do país, e deve estar acima das disputas e das divergências.

 

* * * 

 

texto por Rodrigo Rodríguez, curador musical da Bananas Music. 

 

 

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